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sexta-feira, 30 de março de 2012

Investigação sobre acidente que matou namorada do filho de Cabral arrasta-se #OPMONTECARLO #CACHOEIRA #DELTA

Anac diz que não investiga tragédia e Cenipa informa que relatório final está em fase de conclusão

Jornal do Brasil Joaquim Pereira

Nove meses depois do acidente com um helicóptero, em Trancoso, na Bahia, que matou sete pessoas, entre elas a namorada do filho do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, as investigações parecem não ter fim.
A tragédia acabou por trazer à tona as estreitas ligações do governador Sergio Cabral com o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, empreiteira responsável pela reforma do Maracanã (em associação com a Odebrecht e a Andrade Gutierrez).
Coincidentemente, a Delta é também a empreiteira que mais recebeu recursos do Programa da Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo o portal Transparência, da Controladoria-Geral da União, do total de R$ 11,8 bilhões já gastos pelo governo federal este ano, a Delta Construções foi a que recebeu a maior fatia: R$ 254,6 milhões.
Antes do acidente, o governador almoçou com o empresário, a família dele e os convidados no Villa Vignoble Terravista Resort, em Trancoso. De lá, o grupo começou a ser levado de helicóptero para o Jacumã Ocean Resort, a 15 km. Como eram muitas pessoas, foi preciso fazer mais de uma viagem. O acidente aconteceu com o segundo grupo, quando chovia e havia forte neblina.
Depois do escândalo vir à tona, Cabral anunciou a criação de uma Comissão de Ética para avaliar a conduta da gestão pública do Estado. Essa comissão foi realmente criada, mas a nomeação de pessoas próximas do governador para integrar esse órgão, coloca em xeque a sua independência, segundo avaliou o deputado Paulo Ramos. "Como uma Comissão formada por integrantes do governo, que devem obediência ao governador, terá independência para investigar atos do próprio governador?", indagou o deputado, que vê na comissão "uma tentativa de enganar a população e gastar mais dinheiro público sem que haja nenhum retorno". A comissão de Ética da Alta Administração é presidida por Regis Fichtner, chefe da Casa Civil e tesoureiro da campanha de Sérgio Cabral em 2002.
Investigações sobre o acidente
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a queda do aparelho é investigada pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). No entanto, na época do acidente disse que abriu processo administrativo para investigar possíveis irregularidades que podem ter resultado no queda. Mas, na página da Anac na internet a ocorrência é tratada como "indeterminada".
Contatada, a Assessoria de Comunicação do Cenipa informou que o relatório final sobre as causas da tragédia "está em fase de conclusão" e não há previsão para o seu término. "Assim que for concluído, será disponibilizado no site do Cenipa", informou. Em princípio, o órgão teria 30 dias para apresentar suas conclusões.
Se depender da agilidade das investigações, observada em outros acidentes aéreos, é provável que este caso esteja concluído no final do ano. No relatório sobre as investigações do Cenipa, que pode ser consultado no site oficial, o último acidente apurado ocorreu em maio de 2011.
O acidente
O acidente aconteceu no início da noite do dia 17 de junho de 2011, uma sexta-feira. O helicóptero do tipo Eurocopter AS 350 B2 Esquilo saiu do Aeroporto Internacional de Porto Seguro com destino a um hotel de luxo na Praia de Trancoso. O trajeto de 15 quilômetros foi feito debaixo de forte chuva.
A aeronave caiu no mar a 200 metros da Praia de Itapororoca, já em Trancoso. Sete pessoas estavam a bordo. Quatro tiveram os corpos resgatados no dia seguinte: Fernanda Kfuri, que era ex-mulher de Bruno Gouveia, vocalista do grupo Biquini Cavadão; o filho deles Gabriel, de dois anos; a babá Norma Batista de Assunção, de 49 anos; e Luca Kfuri de Magalhães Lins, de quatro anos, filho da empresária Jordana Kfuri Cavendish e de José Luca Magalhães Lins, que não estava no helicóptero.
Três pessoas desapareceram depois do acidente: a jovem Mariana Noleto, de 20 anos, namorada de Marco Antônio Cabral, filho do governador do Rio, Sérgio Cabral; a empresária Jordana Kfuri Cavendish; e Marcelo Mattoso Almeida, de 49 anos, o piloto.
Depois de deixar as seis pessoas no resort de Trancoso, o piloto voltaria para pegar um outro grupo de pessoas em Porto Seguro, entre elas, o governador Sérgio Cabral e o filho dele, Marco Antônio Cabral.
Marcelo Almeida, presidente do First Class Group e dono do Jacumã Ocean Resort, teria jantado horas antes com Sérgio Cabral, que estava no condomínio com a família e integrantes do primeiro escalão do governo do Rio. Após o jantar, Marcelo saiu com o helicóptero para pegar o grupo de amigos e parentes do governador. Entretanto, em Porto Seguro, o filho de Cabral, Marco Antônio, e o marido de Jordana, Fernando Cavendish, não embarcaram na aeronave por falta de espaço - seriam realizadas várias viagens para levar todos os convidados.
Piloto estava com licença vencida
Logo após o acidente, a Anac informou que a licença do piloto Marcelo Mattoso Almeida estava vencida. Segundo uma fonte da Aeronáutica, para conseguir autorização de voo, Marcelo teria ligado por telefone para a torre de controle de Porto Seguro e usado a matrícula de outro piloto: Felipe Calvino Gomes, de 30 anos, que mora no Rio de Janeiro, e que estava com a habilitação em dia.
Gomes confirmou que foi contratado por Almeida, mas disse estar surpreso por ter seu nome usado pelo empresário.
Prováveis causas da queda
O mau tempo pode ter sido uma das causas do acidente. Segundo a Marinha, no horário da queda do helicóptero, as condições climáticas eram de chuva fina e ventos em mutação. Havia um aviso de mau tempo para aquela região, que acabou se confirmando na madrugada do dia 18. O mar ficou agitado, com ondas altas e ventos fortes.
Os destroços da aeronave foram encontrados em dois pontos. O primeiro estava a, aproximadamente, 900 metros do litoral. O segundo ponto de recolhimento ficava a 3 mil metros da costa.

Cabral chegou a divulgar nota sobre morte da namorada do filho
Três dias após o acidente, o governador do Rio, Sérgio Cabral, divulgou nota oficial sobre a morte de Mariana Noleto, namorada de um dos filhos dele. O corpo da jovem foi resgatado por mergulhadores da Marinha.
"Mariana Noleto fez parte da nossa família durante sete anos. Namorada de um dos meus filhos, Marco Antônio, ela contagiou a todos nós com a sua leveza e alegria.
Estudante aplicada, filha cercada de amor e de amigos, Mariana trará sempre à lembrança todo o seu encantamento.
A nossa família está triste e presta os mais profundos sentimentos à família da para sempre querida Mariana. Estendo os sentimentos e lamento às famílias dos demais passageiros do helicóptero que sofreu a queda na noite de sexta-feira, 17/6, na praia de Ponta de Itapororoca, em Porto Seguro (BA)".

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