Escândalos do Cachoeira escondem crime eleitoral

(Luiz AM Wood - colaborador) - Não há outro assunto mais importante, pra se ganhar audiência, que a série de escândalos proporcionada pelo chefão do jogo clandestino, o simpático Carlos Cachoeira. Aliás, particularmente começo acreditar que a atividade empresarial do Cachoeira não é a de chefe do jogo do bicho, mas de chefe de outro jogo, muito maior, o jogo político, tamanha é sua rede de amizades dentro do ‘tecido’ político em Brasília.

Enquanto o Brasil menos alienado se envolve com os crimes do Cachoeira, outro está sendo cometido bem debaixo do nariz das autoridades responsáveis: o crime eleitoral, caracterizado por campanhas antecipadas de prováveis candidatos aos cargos de prefeito nas capitais e principais cidades do país. Para não se alongar muito, vamos citar apenas os casos de Curitiba e São Paulo.

Em São Paulo, onde tudo leva a crer haverá polarização entre PSDB e PT, o crime eleitoral vem sendo cometido pelo candidato Haddad, que venceu as prévias disputando a vaga consigo mesmo. Sem a homologação da convenção, que deve ocorrer entre 15 e 30 de junho, Haddad já está em plena campanha. Não só ele, mas seu tutor, o ex- ou ainda presidente Lula da Silva.

Em Curitiba, nesse fim de semana, sem nenhum pudor ou temor, a imprensa curitibana destacou aliança entre Fruet e o casal ministerial, Gleisi e Paulo Bernardo, sendo que o neo-pedetista sequer passou por convenção partidária. Legalmente, Fruet não é candidato do PDT e lançar seu nome, antes da convenção, é crime eleitoral.

Entretanto, a gente comenta isso apenas por comentar ou talvez para lembrar ao MP o que acontece. Crime eleitoral, pelo que se nota, pode se tornar mais uma daquelas leis que acabam caindo no esquecimento do povo, como tantas. Só se espera que, mesmo esquecida, não seja ridicularizada com a mais recente, a que obriga tratar a Dilma como ‘presidenta’.