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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Vereador confessa ter recebido dinheiro de esquema da Câmara #POLITICA


Algaci Túlio (PMDB) assumiu que recebeu verbas da Câmara de Curitiba.
Roberto Hinça (PSD) contratou dono de empresa de públicidade.

Do G1 PR, com informações da RPC TV Curitiba



O vice-líder da oposição ao governo do prefeito Luciano Ducci (PSB), na Câmara Municipal de Curitiba, o vereador e radialista Algaci Túlio (PMDB), confessou que os parlamentares que atuam em meios de comunicação receberam verbas para divulgar ações da Casa. Ainda segundo Túlio, os vereadores compravam notas fiscais de outras empresas para emiti-las em nome da Oficina da Notícia, empresa de Cláudia Queiroz, esposa do ex-presidente do legislativo municipal João Cláudio Derosso (PSDB). Além de Túlio, o atual líder do governo na Câmara, Roberto Hinça (PSD), também pode ter se beneficiado do esquema. Hinça nega o favorecimento.
"Que existia uma verba de comunicação para os vereadores de meios de comunicação, é claro. Imagino que todos aí sabem disso”, afirmou Algaci Túlio à RPC TV e ao Jornal Gazeta do Povo. Segundo ele, a comunicação chegava aos parlamentares via Presidência. Por outro lado, Derosso disse que eram os vereadores radialistas e donos de jornal que o procuravam para pedir verba de publicidade.
Para que pagamento fosse realizado, os radialistas precisavam comprovar a veiculação da propaganda e apresentar uma nota fiscal a uma das duas agências de publicidade contratadas por licitação para prestar este serviço. No caso, a Oficina da Notícia e a Visão Publicidade. O vereador Algaci Túlio explicou como funcionava o esquema.

Algaci Túlio - Através de uma empresa, que a gente comprava nota, que muitos não têm empresa, compram nota de uma empresa de publicidade, pagam o imposto para aquela empresa e vão buscar o dinheiro correspondente ao valor que é dado para você.

Reportagem - Na Visão Publicidade no caso?

Algaci Túlio - Visão Publicidade.
Reportagem – A nota foi comprada de empresas variadas?
Algacy Túlio - Várias empresas que fornecem nota, isso é uma coisa, é uma barbaridade isso na verdade.


O vereador Algaci Túlio foi quem sugeriu a criação da Comissão Especial de Inquérito para investigar os contratos de publicidade firmados pela Câmara na gestão de Derosso. Entre 2006 e 2011 foram quase R$ 35 milhões. Este dinheiro foi administrado pelas empresas Oficina da Notícia e Visão Publicidade.



A RPC TV e o jornal Gazeta do Povo tiveram acesso às notas fiscais e documentos, que representam menos de 10% da movimentação da verba nesse período, e identificaram que 180 empresas teriam prestado serviços de comunicação à Casa.

Muitas dessas notas fiscais eram emitidas por empresas de funcionários da própria Câmara Municipal. É o caso de Laércio Men, funcionário do gabinete do vereador Roberto Hinça, entre 2006 e 2010, e dono da Men & Cia. A empresa recebeu dinheiro para fazer propaganda da Câmara em programas de rádio e televisão. Esta prática é ilegal. De acordo com a legislação que rege os procedimentos licitatórios no país, o servidor público não pode prestar serviços extras ao poder público, mesmo que indiretamente.
Laécio Men nega que tenha prestado serviço à Câmara enquanto era funcionário comissionado de Hinça. “A mídia eu lembro de 2009. O cargo foi 2010. Então não confere mesmo, a gente não fez a coisa junto", justificou.
Entretanto, as apurações da RPC TV e do jornal Gazeta do Povo mostram que em 2010 a Men & Cia prestou serviços para à Câmara. Uma nota fiscal demonstra a existência do negócio.
Além de contratar Men, por diversas vezes, o vereador Hinça também era companheiro do empresário em um programa de televisão. "Isso aí é o princípio da pessoalidade. A gente tem que acreditar, o cargo é em comissão, é em confiança à capacidade do assessor”, afirmou Hinça. Ainda de acordo com o parlamentar, Men é um profissional de alta qualidade.
O discurso do vereador não condiz com o texto da legislação brasileira, que preza pela impessoalidade. “Ele pode até confiar no funcionário dele na perspectiva de vê-lo no seu gabinete auxiliando a política que ele pretende realizar. Mas quando se fala em contrato administrativo, quando se fala em licitação pública, a regra é da impessoalidade”, explicou o advogado e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Daniel Ferreira.




Comissão inocentou Derosso

Em 2011, Derosso chegou a responder uma Comissão Especial de Inquérito na Câmara de Vereadores. Dentre as acusações contra o ex-presidente da Casa, estava o favorecimento da empresa Oficina da Notícia, que foi contratada para fazer um jornal de comunicação interna da Câmara.


Derosso (Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Curitiba)
João Cláudio Derosso (PSDB)

(Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Curitiba)


Na época da contratação, a atual mulher de Derosso era funcionária da Câmara e, por isso, não poderia participar da licitação. Em dezembro, o relatório da Comissão não penalizou nem responsabilizou Derosso.

O parlamentar tabém respondeu, sem penalização, a duas representações no Conselho de Ética da Câmara. Uma era sobre os contratos estabelecidos com as empresas Visão Publicidade e Oficina da Notícia e outra sobre a impressão e distribuição do “Câmara em Ação”, que era segundo a Câmara, era um informativo para divulgação das atividades dos vereadores.
Contudo, com a repercussão negativa, Derosso acabou renunciando ao cargo de presidente da Câmara de Vereadores. No documento lido pelo presidente em exercício da Câmara na época, ele dizia que renunciava ao cargo para preservar os colegas e a instituição.
Além dessas denúncias, o Ministério Público do Paraná também acusa o vereador de nepotismo. Em um dos processos, ele, um ex-vereador e um funcionário da Casa, que está foragido, tiveram os bens bloqueados até que devolvam aos cofres públicos R$ 2,5 milhões.

 

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